sexta-feira, 4 de dezembro de 2015


A abordagem psicopedagógica em um trabalho institucional no Centro de Atendimento Socioinfantil – CASI, em Santa Rita do Sapucaí (MG) 
O CASI- Centro de Atendimento Socioinfantil “Rafael Botelho de Mello” é uma unidade pública com a finalidade de atender crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade, que necessitam de proteção social. Tem como objetivo combater a evasão escolar, o fortalecimento dos vínculos socioafetivos e familiares, a autoestima dos assistidos e contribuir para a erradicação do trabalho infantil, atendendo famílias cujas crianças e adolescentes estejam na faixa etária de 6 a 14 anos incompletos.
As crianças e adolescentes, num total de 60, frequentam o CASI no contra turno escolar, diariamente. Desenvolvemos atividades facilitadoras de inserção e promoção social através da arte (dança, teatro, música e canto), cultura (ressignificando festas populares, tendo-as como culminância de alguns projetos, culinários, inclusive), atividades físicas, informática, entre outros.
Mas em quê diferimos de outros trabalhos de cunho social que conhecemos? O diferencial está em nosso método de trabalho! Tendo como guia o manual “Saberes da Gestão”, volume divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que orienta os trabalhos de fortalecimento de vínculos nos âmbitos estaduais e municipais da federação, desenvolvemos método próprio utilizando o diálogo como norteador dos processos que acontecem em nosso trabalho cotidiano.
Nosso principal desafio é organizarmo-nos horizontal e autonomamente, em uma estrutura heterônoma e hierarquizada. Começamos por questionar a necessidade de uma gestão centralizadora, focalizada em resultados, onde nem se tinha claro o que se constituía como objetivos da instituição. Ao problematizarmos a situação em que nos encontrávamos, foi surgindo a necessidade de percebermos que processos aconteciam no dia a dia de nosso trabalho. A hierarquia, hoje, existe como fator organizador não como instrumento de poder.
Muitas resistências encontramos até conseguirmos evidenciar a necessidade do diálogo como ferramenta indispensável para a construção de nosso modelo flexível de atuação. 
Inicialmente foram propostos dois níveis de dialogização: um grupo semanal com os Orientadores Sociais, onde são oferecidos materiais teóricos, pertinentes à realidade com a qual deparamo-nos através das falas e atitudes das crianças e adolescentes. Os Orientadores Sociais estudam e contextualizam o que leram face ao que se deparam diariamente. 
Nesse grupo, discutimos nossos projetos, as intervenções mais integradoras decorrentes da convivência entre todos os que se relacionam com o CASI: da Coordenadora à cozinheira, das crianças e adolescentes aos integrantes da comunidade onde estamos inseridos, da equipe técnica ao Secretário Municipal de Desenvolvimento Social. Aprendemos a argumentar, a fundamentar nossa fala com as experiências cognitivas e sensíveis, frutos de nosso crescimento nesse processo dolorido da autoria do pensamento.
Um segundo grupo, mensal, foi proposto para os pais, que aderiram voluntariamente, sem punição ou prêmio pela participação. Atendemos 48 famílias (algumas têm mais de um filho frequentando o CASI). No ano passado, o Grupo de Pais estava composto por, em média, 16 integrantes. Hoje temos entre 32 e 35 integrantes, distribuídos em dois grupos que se alternam quinzenalmente. Discutimos assuntos emergentes da própria conversa, evitando oferecer respostas prontas para o que é problematizado. Construímos o diálogo a partir das falas espontâneas dos participantes. Aprendemos a respeitar e ouvir as diferenças, integrando-as a um viver mais humano, trazendo o outro para mais perto de nós, companheiros de estrada!
Neste ano, instituímos as Rodas de Conversas com as crianças e adolescentes, a partir da experiência dos Grupos de Orientação com os Orientadores Sociais. Aprendemos a conversar, valorizando o ritmo que cada um chega ao CASI. Aprendemos a esperar a vez de falar, respeitando a alegria, a tristeza, a euforia que atrapalha ou colore de um tom mais vibrante nosso compartilhamento de emoções. Qualquer acontecimento que tire-nos da “rotina” diária é motivo para pararmos e refletirmos em roda sobre o que aquilo está significando naquele momento.
Nosso processo é exaustivo, exige-nos atenção interna e externa o tempo todo. Não são todos os que se adaptam a essa convivência que, em si, é o motor do trabalho na (re)construção e fortalecimento de vínculos. Recompensa-nos saber, pela fala da família, que a criança e/ou adolescente, está levando o diálogo para o seio de sua família, ressignificando o valor da convivência familiar.
Cabe ressaltar que atribuímos a liberdade com que desenvolvemos esse trabalho à formação em Psicopedagogia da Coordenadora do CASI e do Secretário Municipal de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Santa Rita do Sapucaí (MG). Investir em PROCESSOS garante sempre um bom resultado, nem sempre o que esperamos. Muitas vezes os frutos são de uma qualidade muito melhor que a semente!
Gostaríamos de compartilhar esse método de trabalho com todos os que se interessam por ampliar as qualidades do trabalho institucional, em especial, o trabalho social. Colocamo-nos à disposição para esclarecimentos de dúvidas e, quem sabe, uma visita em nosso local de trabalho. 

Nosso número de telefone é (35) 3471 2409

Visitem nossa página no Facebook: www.facebook.com/casi.santarita
Aguardamos seu contato!

Sônia Bellardi
Psicopedagoga atuando nas áreas clínica (“Outro Caminho - Convivência Psicopedagógica”) e institucional (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí –MG)

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