segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Violência contra o idoso sobre quase 400% nos últimos dois anos em Santa Rita

O Dia Internacional do Idoso é celebrado nesta quinta-feira (1º). Em Santa Rita do Sapucaí a comemoração tem realidade negativa quando o tema é violência contra o idoso. 
As agressões psicológicas, econômicos, físicas, entre outras, subiram quase 400% em 2015 em relação aos dois últimos anos. O CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) registrou 13 casos em 2013, 26 em 2014 e 50 entre janeiro e agosto de 2015, sendo que 10% desses são casos reincidentes.
A assistente social que trabalha no CREAS há cinco anos, Greice Kelly da Silva, alerta que recebe quase diariamente denúncias de abandono ou negligência de idosos. Ela fala que a violência já ocorre, mas passou a ser denunciada pela terceira idade. “O idoso ele é abandonado no ambiente hospitalar, dentro das suas próprias casas. E negligência entra a falta de medicação correta, de falta de acompanhamento adequado que pode trazer consequências muito graves como queda, a saúde ir deteriorando, depressão por causa do abandono.”
A violência ocorre de diversas formas. A psicológica é uma agressão verbal que acarreta em humilhação ou perda de identidade, enquanto a econômica é a extorsão ou uso da renda do idoso por familiares para outros fins. 
A menos incidente em Santa Rita é a violência física, porque ela “é a mais fácil de ser identificada. Geralmente quando o idoso é agredido fisicamente, a gente identifica essa questão, chega a questão das denúncias, ele é levado para o hospital, o próprio PSF às vezes toma essa iniciativa, faz o exame de corpo de delito. Então é uma coisa que é fácil de ser identificada e tem uma punição imediata”, destaca Greice.
Pesquisas e a apuração das denúncias recebidas mostram uma triste realidade em que os familiares são os principais agressores de idosos. “Pesquisas do Instituto de Criminalística, das delegacias especializadas, todas indicam que os maiores agressores de idoso são os próprios familiares.”
As causas da violência contra pessoas com mais de 60 anos variam. Uma delas é a fragilização do laço familiar, em que o idoso abandona os filhos quando jovem e os filhos e netos por falta ou dificuldade em lidar com o vínculo repetem a ação com os pais idosos. A assistente social acrescenta que outros tipos são violência decorrente de maldade, de falta de caráter ou de sobrecarga a um familiar. “Muitas vezes existem vários filhos e só um assume os cuidados para com os pais. A sobrecarga é muito grande no familiar, porque só tem um cuidando e os outros estão lá tranquilos porque sabem que tem aquele. E aquele que está cuidando é claro que vai se desgastar. Cuidar de uma pessoa doente é uma coisa que exige muito, então se alguém quer cuidar do idoso 24 horas não vai dar certo. Ele vai se desgastar porque existe a questão humana da pessoa.”
Qualquer tipo de violência tem consequências, principalmente para a vítima. A agressão psicológica “faz com que o idoso se torne depressivo, que ele se isole do resto da sociedade e fica ali enclausurado dentro de seus próprios quartos. E com isso vem a doença, a parte física dele também adoece. Ele começa a ter uma não aceitação de cuidados, porque a vida para ele passa a perder o sentido. Então ele não quer ter cuidados, ele não quer tomar remédios, ele quer que a vida se acabe logo. Então ele vai criando situações para dificultar os cuidados para com ele”, explica Greice.
O CREAS tem 616 prontuários iniciados ou concluídos, sendo 40% de violência contra o idoso. 
A vítima ou testemunha da agressão deve denunciar no CREAS, CRAS, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social ou pelo Disque Denúncia pelo telefone 100. 
As denúncias do Disque 100 são direcionadas a órgãos de assistência social e Ministério Público para apuração e intervenção.




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